Mais de metade dos trabalhadores portugueses não assumem a sua orientação sexual no local de trabalho.
- Apenas 33,49% dos profissionais admitem assumir a sua orientação sexual em contexto laboral
- 51,89% dos portugueses consideram mais benéfico esconder esta informação numa entrevista de emprego
- Mais de metade dos entrevistados nacionais dizem ter visto na sua empresa comportamentos não inclusivos
A primeira edição do estudo “Diversity at Work” do ManpowerGroup revela a realidade da comunidade LGBTQI+ nas empresas e mostra como os trabalhadores ainda têm constrangimentos em abordar o tema da orientação sexual e identidade de género em contexto empresarial: apenas 34% dos profissionais portugueses entrevistados e 41% do universo da comunidade LGBTQI+ sente abertura para revelar a sua orientação sexual no seu entorno laboral.. Este valor coloca Portugal a meio da tabela europeia, já que, em polos opostos, estão a Espanha - 48% dos trabalhadores espanhóis afirmam ter abertura para assumirem a sua orientação sexual em contexto laboral – e a República Checa – com 30% dos inquiridos no estudo a partilhar o seu estatuto com os seus colegas.
A orientação sexual e identidade de género nos processos de recrutamento
Assumir ou não a orientação sexual em contexto de entrevista de emprego é ainda um tema não consensual. Em Portugal, 51,89% do total dos inquiridos, quer sejam ou não pertencentes à comunidade LGBTQI+, acreditam ser mais benéfico para o candidato esconder a orientação sexual ao longo de um processo de recrutamento. Este dado cai, porém, quando diz respeito apenas às respostas dos membros da comunidade, sendo que 41,39% têm a mesma convicção. Esta discrepância parece assim revelar um maior preconceito fora da comunidade LGBTQI+.
Políticas LGBTQI+ e de diversidade são cada vez mais valorizadas
Questionados sobre se a escolha de novas oportunidades de emprego passa também pelas políticas LGBTQI+ existentes em cada organização, 35,98% dos entrevistados em Portugal assumiu que sim. Este valor, que demonstra a importância deste tema para os candidatos, assume-se como o segundo mais elevado em contexto europeu, apenas ultrapassado por Itália, onde 41,31% coloca estas políticas como prioritárias no seu processo de decisão.
Impacto dos novos modelos de trabalho
A análise do ManpowerGroup confirma que os novos modelos de trabalho impactam o grau de inclusão no local de trabalho em geral e, em particular, das pessoas LGBTQI+. Assim, quase metade dos inquiridos (47,8%) afirmam ter experimentado, em diferentes graus, uma maior inclusão dentro da empresa. Contudo, 39% da comunidade LGBTQI+ a nível global e 33% em Portugal pensam que será mais difícil mostrar abertamente a sua orientação sexual ou identidade de género num ambiente remoto ou híbrido.
Os benefícios da diversidade e inclusão nas empresas
A maioria dos inquiridos nacionais - 62,35% - consideram que um dos benefícios de assumirem a sua orientação sexual é o aumento da sua produtividade no seu local de trabalho. Em linha, estão 79,22% de todos os inquiridos portugueses e 81,6% dos respondentes LGBTQI+ que consideram que um ambiente de trabalho diverso é mais produtivo.
Estas respostas traduzem uma mensagem clara para os empregadores que, neste momento crítico em termos de escassez de talento (60% em Portugal), têm na defesa de uma política de inclusão uma forte uma alavanca para melhorar a capacidade de atração de talento das suas organizações.
Os dados do estudo foram recolhidos através de quase 4800 respostas em 14 países (Áustria, República Checa, Alemanha, Grécia, Hungria, Israel, Itália, Portugal, Romênia, Eslováquia, Espanha, Suíça, Turquia e Reino Unido).