4 em cada 10 profissionais LGBTQIA+ em Portugal partilham a sua orientação sexual no local de trabalho
• 44% dos portugueses LGBTQIA+ assumem a sua orientação sexual em contexto laboral e a maioria considera ter aumentado a sua produtividade após esta partilha
• São as empresas do setor Social que assumem a liderança no índice de inclusão, enquanto apenas 25% do total de empresas em Portugal são reconhecidas pelos seus trabalhadores como dispondo de políticas de diversidade e inclusão
• 4% das pessoas LGBTQIA+ sentiram-se agredidas verbalmente no seu local de trabalho devido à sua identidade de género ou orientação sexual e 42% das ocorrências foi gerada pelos líderes
Os profissionais LGBTQIA+ revelam menos constrangimentos em abordar a sua orientação sexual e identidade de género em contexto laboral, o que demonstra um aumento da força da comunidade e uma maior sensibilidade da população em geral para a sua integração, especialmente por parte das gerações mais jovens, que se apresentam mais sensíveis à diversidade e inclusão. 44% das pessoas LGBTQIA+ em Portugal partilham a sua orientação sexual no trabalho, valor que representa uma melhoria de 3 pontos percentuais face a 2021.
Estes são dados do estudo “Diversity at Work” do ManpowerGroup, que conclui ainda que esta capacidade de abertura está também relacionada com a hierarquia da organização. São os profissionais em posições mais seniores os que mostram maior confiança em partilhar a sua orientação sexual ou identidade de género, com 67% das lideranças executivas a fazerem-no. Este valor relaciona-se ainda com a visibilidade das pessoas LGBTQIA+ em cargos de liderança, isto é, líderes que o comunicam abertamente e de forma visível a toda a empresa, e que atinge os 35% em Portugal, posicionando o país 12 pontos percentuais acima do registado em 2021.
No que respeita à confiança em partilhar a orientação sexual, seguem-se os profissionais em cargos mais juniores, com 57% a estarem disponíveis para se mostrarem abertamente nas suas empresas. Por outro lado, são as posições a meio da hierarquia as mais relutantes em fazê-lo, com 53% dos profissionais em cargos técnicos a revelarem essa confiança, face a 45% dos profissionais das lideranças intermédias.
“A inclusão e a diversidade são cada vez mais basilares e prioritárias para os profissionais, tanto em Portugal como globalmente, sendo ainda mais relevantes no que respeita ao bem-estar da comunidade LGBTQIA+ em ambiente laboral. Perante este contexto, é visível um maior otimismo no que toca à abertura desta comunidade nas empresas, com cada vez mais pessoas a assumirem o seu verdadeiro eu às suas equipas e a encararem um futuro mais promissor nas organizações. Se a discriminação e a violência verbal parecem diminuir, também os profissionais, nomeadamente os mais jovens, esperam que as empresas estejam conscientes e assumam um papel mais ativo a nível de DEIB. Há, porém, ainda caminho a percorrer e a tarefa pendente passa pela efetiva implementação e difusão de políticas de inclusão nas empresas. Passar das palavras a atos que promovam o bem-estar dos profissionais e possam elevar, também, a produtividade e inovação em toda a estrutura”, explica Sónia Bento, People & Culture Manager Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup.
Mais de metade dos profissionais aumenta a sua produtividade após partilhar a sua orientação sexual
64% das pessoas LGBTQIA+ considera que a sua produtividade aumentou, após revelarem a sua orientação sexual ou identidade de género no seu trabalho. Este valor é ainda superior ao da média europeia, que se fixa nos 42%.
A abertura de cada profissional nesta matéria tem ainda impacto na inovação de toda a empresa. 8,5 em cada 10 de todos os profissionais acreditam que espaços de trabalho diversos, além de mais produtivos, promovem também a inovação e a geração de novas ideias, um resultado alinhado com o registado em 2021.
O setor Social assume a liderança no índice de inclusão para trabalhadores LGBTQIA+
No que se refere ao nível de inclusão de profissionais LGBTQIA+ nas empresas, o setor Social, que inclui entidades como ONG’s e fundações, é o que apresenta o índice mais elevado, com o valor de 4,57 pontos num máximo de 5. Segue-se o do Retalho e Distribuição, com um resultado de 4,13 pontos e a área da Hotelaria, Turismo e Lazer, com um índice de 3,79.
De seguida, surgem as empresas do setor dos Serviços, com um índice de 3,43 pontos, e da Tecnologia e Telecomunicações, com o valor a fixar-se nos 3,41. Já o setor das Finanças, Banca e Seguros regista 3,26 pontos, seguido do setor da Educação e Investigação, cujo índice de inclusão é de 3,20. O setor Primário, que inclui as atividades de agricultura, pecuária e a pesca, bem como o da Farmacêutica e Química, conquistam o mesmo índice, num valor de 3 pontos.
Por fim, surge a área da Indústria, com um resultado de 2,86 pontos, e o setor da Logística e Transportes, com o índice mais baixo, de 2,62.
Apenas 25% das empresas tem programas de diversidade e inclusão, mas 50% dos profissionais da Geração Z prefere trabalhar em organizações com estas políticas
De acordo com os profissionais inquiridos, apenas 25% das empresas conta com programas de diversidade e inclusão LGBTQIA+. Este valor representa ainda uma evolução positiva, quase duplicando o resultado de 13% que se anunciava em 2021, no último estudo.
No entanto, 32% das empresas inquiridas dizem que apoiam publicamente a comunidade LGBTQIA+, através de comunicação ou de políticas claras. Este valor, apesar de 12 pontos percentuais superior ao registado em 2021, demonstra um desencontro entre esta perceção e a comunicação pública das empresas e o conhecimento efetivo das políticas internas por parte dos profissionais, que é inferior (25%).
No que respeita às estratégias desenvolvidas pelas entidades, a formação é a medida de inclusão mais difundida, presente em 17% das empresas, seguida dos grupos de apoio, opção desenvolvida por 8% das entidades.
Por fim, no que respeita às prioridades dos profissionais, 32% das pessoas LGBTQIA+ dizem escolher empresas com políticas de diversidade definidas, no momento de procurarem emprego, um valor que evoluiu positivamente 4 pontos percentuais face a 2021. No caso da Geração Z, o valor é superior, com metade dos profissionais (50%) a escolherem trabalhar em empresas com estas políticas.
Diminui a violência verbal nas empresas para com a comunidade LGBTQIA+, mas quase metade dos casos são gerados pelos líderes
4% das pessoas LGBTQIA+ inquiridas no estudo dizem ter sido vítimas de violência verbal no seu local de trabalho devido à sua identidade de género ou orientação sexual, valor que revela uma redução de 8 pontos percentuais comparativamente com os valores de 2021. Apesar da evolução positiva, o estudo conclui também que 42% destas ocorrências partiram de profissionais em posições de liderança.
Quando questionados sobre discriminação, 14% dos profissionais, pertencentes à comunidade LGBTQIA+ ou não, dizem já terem testemunhado comportamentos discriminatórios contra colegas LGBTQIA+ no trabalho. Este valor revela maior otimismo quando comparado com 2021, destacando uma descida de 15 pontos percentuais.
Por outro lado, a discriminação está também presente no momento de entrada dos profissionais numa organização, já que 6% das pessoas da comunidade LGBTQIA+ inquiridas no estudo pensam ter sido discriminadas durante os processos de recrutamento, perceção que é superior a 50%, no caso das pessoas transsexuais.
Os dados do estudo foram recolhidos através de mais de 5000 respostas em 14 países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Eslováquia, Grécia, Israel, Itália, Hungria, Portugal, Roménia, Suíça, Reino Unido e Républica Checa). Os resultados completos podem ser consultados neste link.