Ligar o botão “ON” – Reflexões para os empregadores, para um #SmartRestart e um Futuro Redesenhado
Jonas Prising - Chairman & CEO of ManpowerGroup,
Há apenas um mês, estávamos a aperfeiçoar o nosso uso da tecnologia e aprender a lidar com o fato de agora trabalharmos, aprendermos e socializarmos na segurança das nossas casas, para assim enfrentar a crise de saúde e “achatar a curva”. Apenas algumas semanas depois (embora pareça que já passou muito mais tempo) líderes de governos, empresas e serviços educativos estão a analisar dados, a procurar informação cientifica e a traçar planos, não apenas para definir quando reiniciar, mas também como reiniciar. Estamos no ponto de partida do redesenho de um novo futuro para o trabalho e para os trabalhadores.
“Desligar as luzes do escritório” foi apenas o começo e, ouso dizer, a parte mais simples. Voltar a ligar o botão para “ON”, na velocidade certa e da maneira certa é o próximo desafio das lideranças. E embora o reinício vá ser diferente por indústria, geografia, saúde, cultura ou comunidade, há algo de que podemos ter a certeza: embora confiemos que apenas uma pequena parte da população vá ser contagiada pelo coronavírus, todos seremos afetados por esta situação.
Partilho em seguida alguns temas para reflexão dos líderes no sentido de uma abordagem PeopleFirst, a curto e longo prazo ...
Um local de trabalho seguro é mais do que uma questão de higiene
A segurança não é o que traduz o “novo normal”. A segurança sempre foi uma necessidade básica do local de trabalho, sendo que a sua definição ficou agora muito mais ampla. Distanciamento físico, equipamentos de proteção, materiais de higienização, espaçamento, seguimento, rastreamento e verificação de temperatura elevaram a planificação das áreas de trabalho para um novo patamar. Embora trabalhemos para tranquilizar as nossas pessoas naquilo que as pode fazer sentir-se mais seguras, enquanto preparamos um novo crescimento da atividade, devemos ao mesmo tempo avançar de uma forma cautelosa. E esse é também um dos motivos pelos quais nos unimos aos nossos pares do setor de recursos humanos, na posição de maiores empregadores do setor privado do mundo, para lançar a Safely Back to Work Aliance, tendo já publicado um guia prático para uma retoma de atividade segura, com informação das best practices para as organizações.
Aproveite esta oportunidade para “voltar” ao futuro, em vez de regressar ao passado
Temos muito a aprender do que vivemos nas últimas semanas, refletindo naquilo que alcançámos e que até agora acreditávamos que era impossível. Aproveitemos por isso esta oportunidade para escolher o que queremos criar para o futuro. A semana de 40 horas, com muito tempo perdido no transito ou em transportes, pode tornar-se uma coisa do passado. Poder aceder ao talento desde qualquer parte no mundo poderá vir a ser uma confortável e normal realidade. A criação de equipas de diferentes funções, diferentes países e diferentes culturas poderá ser concretizada de forma muito mais rápida. As pessoas estão a provar que têm uma elevada capacidade de adaptação, de conhecimento da tecnologia e de rápida aprendizagem. E sabemos, pelas conclusões do nosso estudo sobre As preferências dos trabalhadores, que trabalhadores de todas as idades valorizam principalmente a flexibilidade, o equilíbrio entre vida profissional e pessoal e a oportunidade de trabalhar e aprender da maneira que mais lhes convém. Esta é a nossa oportunidade de redesenhar um futuro mais flexível, mais virtual, com mais confiança, que permitirá às pessoas combinar melhor vida profissional e pessoal, ao mesmo tempo que possibilita às organizações aceder a talento que pode trabalhar em qualquer lugar do mundo.
Atue com um propósito – analise o porquê
Comece com a análise do Porquê Retomar a Atividade Presencial, para garantir uma correta planificação e equidade. Quais são as necessidades da empresa? Que trabalho pode ser feito remotamente? A produtividade está a ser afetada? Tarefas que pensávamos que nunca poderiam ser realizadas remotamente, como a contabilidade, o processamento de salários, o atendimento ao cliente e até a segurança da informação, sofreram uma grande transformação. Por isso, esta é uma boa altura para nos perguntamos Porquê? Um retorno faseado, reduzindo o risco para as nossas pessoas e para as comunidades, faz parte de nosso dever de cuidado e responsabilidade social. Os líderes necessitam estar atentos às necessidades dos indivíduos, evitando suposições ou preconceitos. Um retorno seguro significa ser intencional sobre que pessoas necessitam voltar ao local de trabalho e quais devem permanecer a trabalhar em remoto, ao mesmo tempo em que evitamos marginalizar o talento que nos custou a atrair e comprometer – sejam eles mulheres, pais, cuidadores, trabalhadores mais velhos, pessoas que usam transporte público ou pessoas com riscos de saúde, bem como quaisquer outros grupos sub-representados. Fazer a pergunta "porque é que é necessário voltar?" promove uma abordagem mais centrada no ser humano e orientada a dados sobre como, quando e quem.
Encontre o equilíbrio certo entre pessoas e tecnologia
O investimento em tecnologia confirmou-se como parte importante da solução para esta crise, e é provável que continue assim por muito tempo. A formação foi dissociada das salas de aula e do local de trabalho, fortalecendo as capacidades de uma geração de alunos e trabalhadores para hoje e para o futuro. O upskilling virtual e o coaching on-line vão acelerar a formação nas escolas e no trabalho. E, num momento em que a formação e reskilling continuos são cada vez mais críticos para promover a empregabilidade, a revolução da edtech tem o potencial de ser um grande nivelador e facilitador da Revolução de Competências.
Ao mesmo tempo, o seguimento, rastreamento e a verificação de temperatura provavelmente serão críticos para trazer as pessoas com segurança e confiança de volta ao trabalho. Estaremos agora mais dispostos a partilhar os nossos dados? Vamos trocar privacidade por segurança? Serão os dados de saúde dos colaboradores tão importantes quanto os dados de desempenho? E como é que as organizações vão poder assegurar que fazem um uso ético dos dados e demonstrar o seu valor para as pessoas? Como em tudo o que concerne a tecnologia, até que ponto permitimos que esta transforme a forma como vivemos e trabalhamos a longo prazo deve ser determinado pelo que é preferível, e não pelo que é possível.
Bem-Estar Físico e Emocional em lugar de Saúde e Segurança
O impacto desta pandemia vai alterar o nosso comportamento. Para muitos, será o evento mais perturbador das nossas vidas. Sentimentos de isolamento, stress, medo e ansiedade serão um legado da COVID-19, fomentando a reflexão sobre o valor da saúde, bem-estar, família e comunidade. As organizações que demonstrarem que atuam de acordo com os seus valores, cumprindo o seu propósito, especialmente nestes tempos difíceis, serão aquelas que conseguirão melhor atrair, reter e motivar o talento mais qualificado para o crescimento futuro. Um plano de retoma que priorize o bem-estar emocional será tão crítico quanto as medidas físicas e organizacionais, para garantir que as pessoas estejam confiantes, saudáveis e produtivas.
Tempos extraordinários exigem esforços extraordinários. O mundo mudou e as pessoas também. Em vez de adaptar a maneira como o trabalho é realizado, vamos adotar uma nova forma de fazer negócios e fazer “restart” ao futuro, criando uma variante mais equitativa; um futuro que responda às nossas principais aspirações. Mais digital, mais virtual, mais conectado e mais orientado para o bem-estar. E esse futuro está aqui agora. Vamos avançar com sabedoria neste reinicio.